quinta-feira, 31 de maio de 2012

Rever a lei de patentes é o principal desafio para o desenvolvimento da biotecnologia brasileira


O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, afirmou nesta quarta-feira (30), que a aproximação entre a academia e empresa fortalece áreas nas quais o País ainda precisa ser mais expressivo, como a de patentes.


"É preciso rever a lei de patentes no sentido de torná-la facilitadora, sobretudo para a área de biotecnologia, umas das áreas com o maior potencial de desenvolvimento de patentes. Com essa parceria, a possibilidade de conseguirmos mudanças é bem maior" explicou. O presidente participou da abertura do simpósio entre coordenadores de programas de pós-graduação da área de biotecnologia e empresários da bioindústria. "Mais que falar, nós da academia devemos ouvir a indústria e as demandas que ela tem a nos fazer", finalizou.

O evento termina hoje (31), no edifício-sede da Capes e tem o objetivo de incentivar a parceria academia-empresa.

Por meio da palestra "Panorama dos Programas de Pós-Graduação da área de Biotecnologia", a coordenadora da Área de Biotecnologia da Capes para o triênio 2011-2013, Maria Fátima Grossi de Sá, ressaltou o crescimento da área desde a sua criação e a demanda ainda existente hoje. "Em 2008, tínhamos 21 programas, hoje já temos 40 e com uma demanda que não para de crescer", disse. No entanto, completou dizendo que os mesmos motivos que levaram a criação da área são os que hoje ainda precisam ser priorizados. "Precisamos inovar tecnologicamente e consequentemente produzir mais patentes, além de induzir, por meio de disciplinas, o empreendedorismo na academia", disse.

A coordenadora ressaltou ainda como fatores indispensáveis ao trabalho conjunto academia-empresa o treinamento dos estudantes com foco em inovação, a indução de cursos de mestrado profissional e a concessão de bolsas nessas áreas estratégicas. No que tange aos investimentos privados, Grossi apontou a importância da divulgação de incentivos e benefícios fiscais relacionados ao financiamento de P&D para os setores acadêmicos e privados e atração de investimentos privados no Brasil apoiando o desenvolvimento da tecnologia, com visão de mercado. "É necessário que tenhamos conhecimento do mercado nacional e internacional para assim priorizar produtos que sejam competitivos para o Brasil", afirmou a coordenadora.

A diretora executiva da FarmaBrasil, Adriana Diaféria, representou o ramos das bioindústrias brasileiras apresentando o panorama nacional das empresas de biotecnologia no Brasil. Adriana citou a clareza e a agilidade no processo regulatório, bem como a discussão sobre o acesso à biodiversidade e o aperfeiçoamento da interação universidade-empresa, entre outros motivos, como fatores críticos ao sucesso do setor de biociências.

Adriana Diaféria citou ainda o programa Ciência sem Fronteiras como uma das formas de suprir a lacuna de profissionais qualificados na área da Biotecnologia"A demanda que temos de profissionais casa com a iniciativa e o objetivo que a Capes tem de investir na qualificação internacional por meio do programa", disse Adriana.
(Ascom da Capes)

Participação do Brasil na produção e na exportação mundial de frango


Campinas, 31 de Maio de 2012 - Contrapostos a dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), dados internos revelam que há pouco mais de uma década e meia (1995) o Brasil respondia por volume que correspondia a, aproximadamente, 10% da produção e das exportações mundiais de carne de frango.

Quinze anos depois, em 2010, o volume mundial de carne de frango acumulava aumento de 85%, enquanto a produção brasileira triplicava. Isso correspondeu a um aumento de participação de 64%.

Muito mais significativa, porém, foi a evolução das exportações brasileiras nas exportações mundiais. Entre 1995 e 2009 (último ano disponibilizado pela FAO), elas cresceram, mundialmente, mais de 135%. Mas o volume exportado pelo Brasil cresceu muitíssimo mais. Aliás, mais do que octuplicou, apresentando aumento de 735%, o que significou aumento de participação de quase 255%.

A ressaltar que mais da metade do volume mundial adicional exportado em 2009 (6,178 milhões de toneladas a mais do que em 1995) correspondeu a carne de frango produzida no Brasil.


http://www.avisite.com.br/noticias/index.php?codnoticia=13263

Castração de bovinos com vacina é opção para pecuaristas brasileiros


A castração dos animais de corte sempre foi um dilema na propriedade. O animal inteiro, ou seja, sem castrar, tem um comportamento difícil e manejo complicado. Pecuaristas do Brasil e da Nova Zelândia apostam na castração com vacina para resolver o dilema.

A máquina castra sem corte, mas provoca dor e estresse. O canivete deixa marcas na bolsa escrotal do boi e requer observação constante após a cirurgia. O professor da Universidade Federal de Uberlândia, Francisco Carvalho, fez um estudo com 500 animais sobre as consequências da castração cirúrgica. Entre outros dados, ele apurou que o custo do tratamento de um animal com complicações pós-castração chega até a R$ 140. Por outro lado, o boi inteiro também traz prejuízos. A sodomia, que é o ato de um animal montar no outro, provoca, entre outras coisas, problemas nos cascos.

Uma vacina lançada no Brasil promete resolver o dilema da castração. São duas doses, aplicadas com intervalos que variam de um a três meses, dependendo do sistema de produção, pasto ou confinamento. Fernanda Rou, gerente de produto da empresa fabricante, explica que a vacina suspende temporariamente a produção de testosterona nos machos e a função ovariana nas fêmeas. O efeito dura em média de três a cinco meses depois da aplicação da segunda dose.

A seringa é própria, na medida exata de cada dose e oferece mais segurança para o profissional na hora da aplicação. Além de controlar o comportamento dos animais, pesquisas comprovam que a castração melhora a qualidade da carcaça.

Segundo Fernanda, não há limites para a quantidade de doses aplicadas em um animal. Isso dependerá do tempo que a rês vai ficar na propriedade após o início do comportamento sexual, por volta dos 18 meses, até a hora do abate. Da mesma forma, a imunocastração pode ser feita juntamente com outros produtos, como vermífugos e vacinas contra aftosa e doenças respiratórias.

A castração imunológica atende também o bem estar animal, que defende, entre outras coisas que os animais sejam tratados com menos agressividade. O manejo racional ainda não é obrigatório no Brasil, mas já é uma tendência mundial. Na Europa, por exemplo, a castração e a descorna só podem ser feitas com o uso de anestesia.

Um protocolo com duas doses da vacina custa em torno de R$ 16, dependendo da região.

Confira o vídeo:
CANAL RURAL

OIE Vídeo: ZOOONOSIS

Actividades, objetivos y implicaciones de la OIE

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Profissionais da saúde terão acesso a publicações científicas para auxiliar no trabalho


http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=82628
 
Profissionais da saúde já podem acessar conteúdo científico por meio do portal Saúde Baseada em Evidências. A iniciativa foi lançada ontem (29), através de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, estão disponíveis para consulta mais de 31 mil periódicos completos e mais de 200 mil trabalhos acadêmicos digitalizados, entre dissertações de mestrado e teses de doutorado.

"Esse portal de periódicos científicos da Capes ajuda em toda pesquisa no Brasil, toda a vida acadêmica, em todas as áreas do conhecimento, todos nossos estudantes no exterior, bolsistas, pesquisadores, utilizam esse portal como referência, porque ele é muito bem organizado, muito didático. Foi feita uma comissão de cientistas, de especialistas e desenhou quais são os periódicos que interessam ao profissional na ponta, para ele melhorar o atendimento, o tratamento e a saúde", disse Mercadante.

Segundo Mercadante, o objetivo do portal é melhorar a eficiência do trabalho dos médicos no País, já que a proporção é relativamente pequena, com uma média nacional de 1,8 médico para cada mil habitantes. Na Argentina, a proporção é o dobro do que no Brasil.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explica que a ideia é apostar nos profissionais e gestores que já atuam hoje para que eles tenham informações mais atualizadas e possam tomar decisões mais corretas.

"O portal ajuda os profissionais a tratarem num tempo mais adequado as pessoas. Um dos grandes problemas hoje é o tempo de demora, de espera para fechar um diagnóstico, para resolver o tratamento. Com esse portal, lá na ponta, o profissional de saúde, onde estiver, vai poder checar o diagnóstico, qual é a melhor forma de fazer o diagnóstico, pode usar o Telessaúde [sistema do Ministério da Saúde em que os médicos tiram dúvidas pelo telefone] para mandar as informações do exame que fez, pegar uma segunda opinião e, com isso, tratar melhor as pessoas".

O médico Délio Batista Pereira, que atua em Porto Velho (RO), considera a iniciativa muito interessante para todos que trabalham com saúde. "Nós carecemos de bibliotecas de boa qualidade. Os livros são caros, os recursos são escassos e a abertura do portal da Capes para todo profissional de saúde é muito importante para gente manter a atualização e cuidar melhor dos nossos pacientes".

Foram investidos R$ 10 milhões na criação do portal e na compra do acervo digital de sete bancos de dados (Rebrats, Embase, ProQuest Hospital Collection, Atheneu Livros Virtuais, Micromedex, Dynamed e Best Practice - British Medical Journal).

O acesso ao portal será feito com o número do registro profissional (CRM) e uma senha. Já estão cadastrados 920 mil trabalhadores em saúde. A expectativa é que esse número chegue a 1,8 milhões de profissionais.

Confira o portal Saúde Baseada em Evidências:http://www.periodicos.saude.gov.br/.
(Agência Brasil)

União Europeia deve abrir mercado para tripas bovinas em junho, afirma representante do Ministério da Agricultura


Agência RBS
Foto: Agência RBS
Abertura do mercado europeu irá gerar um ganho maior para os frigoríficos brasileiros

O diretor de Saúde Animal do Departamento de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, afirmou que a União Europeia deve abrir seu mercado para as exportações brasileiras de tripas de bovinos no próximo mês, em função do novo status do Brasil de "risco insignificante" em relação à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecida como doença da vaca louca. O reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) veio na semana passada.
Ao fazer o anúncio nesta terça, dia 29, Marques disse que a elevação do status sanitário do Brasil em relação à vaca louca é importante pois garante o acesso a outros mercados, como a exportação de animais vivos para a América do Sul. Ele explicou que o reconhecimento internacional do novo status resulta de um trabalho iniciado pela Defesa Agropecuária em 2001, que exigiu investimentos de setores como o de graxaria, que processa resíduos dos frigoríficos.
– Seguramente, a União Europeia, já nos próximos meses, vai abrir o mercado de tripas, que é extremamente importante para o Brasil, considerando as dezenas de milhões de animais abatidos por ano. É também a previsão de abertura para o Egito, Tunísia, como também a exportação de animais vivos até para o Mercosul, toda a América do Sul – explicou.
A abertura do mercado europeu irá gerar um ganho maior para os frigoríficos brasileiros, que no ano passado exportaram 69 mil toneladas de tripas bovinas e faturaram US$ 271,8 milhões. O principal mercado foi Hong Kong, para onde foram exportadas 45,9 mil toneladas, que renderam US$ 156 milhões. O segundo mercado é a Rússia, com importações de 8,6 mil toneladas e US$ 46,1 milhões no ano passado.
Segundo Marques, o Banco do Brasil liberou cerca de R$ 500 milhões a juros subsidiados para que as graxarias pudessem investir em esterilizadores que afastam o risco da doença. As graxarias fabricam farinhas utilizadas como ração para aves, suínos e animais domésticos, além de óleos e outros subprodutos de origem animal.
De acordo com Marques, mesmo sem ter registros da doença da vaca louca e não utilizar ração animal para alimentar o rebanho, o Brasil foi classificado inicialmente como risco controlado, para não ficar no limbo. Ele disse que a maior preocupação era com os animais de alta linhagem importados da Europa para melhoramento genético do rebanho. A maioria foi identificada e está sendo rastreada. No caso da importação de sêmen e embriões não existe risco de disseminação da doença.
O Brasil passa a ser um dos 19 países do mundo que têm o status de "risco insignificante", que é o mais elevado, uma vez que em relação às doenças animais não existe a classificação "risco zero".
Saiba mais
A vaca louca surgiu no Reino Unido e se espalhou pela União Europeia na década de 80, por causa do uso descontrolado de proteínas animais na ração do rebanho bovino. Em função do risco da vaca louca, o uso de proteína animal na fabricação de ração para bovinos é proibido no Brasil, apesar de grande parte do rebanho ser alimentada a pasto.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Liberdade e Responsabilidade nas Redes Sociais Virtuais


Nasceu em 2009 a Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária (RITDA) com a missão de agregar massa crítica em torno do tema Defesa Agropecuária.

O Inciso IV do Art. 5º da Constituição Federal trata da liberdade de expressão, princípio fundamental de uma sociedade democrática. Diz que "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato". Perfeito, pois ao mesmo tempo que dá ao indivíduo liberdade para manifestar suas ideias, atribui a ele também a responsabilidade pelo que foi dito. Porém, é falível do ponto de vista prático, principalmente quando a comunicação digital faz-se amplamente presente na rotina do brasileiro.

Certamente, os que escreveram a nossa Carta Magna não imaginavam que, passados quase 25 anos, os brasileiros estariam vivendo em uma grande nuvem hipermídia formada por sistemas de gerenciamento, sistemas bancários, e-books, cursos à distância e, claro, redes sociais. Pesquisas realizadas em 2010 mostraram que o Brasil é um dos países que mais usam redes sociais, com 86% dos internautas declarando-se usuários de redes sociais. Esse índice fica acima de países como o Japão (75%), Estados Unidos (74%) e Alemanha (63%). Além disso, passamos mais tempo, em média, atuando em redes sociais (5h 3min por mês) do que os franceses (4h 10 min), japoneses (2h 50min) e alemães (4h 13 min). Dados de 3 de maio de 2012 mostram que 45,4 milhões dos 900 milhões de usuários do Facebook estão no Brasil, o que nos posiciona como o segundo país em número de usuários no mundo, atrás, apenas dos Estados Unidos. Grosso modo, isso significa que 24% dos brasileiros participam dessa rede social e que 5% de todos os membros do Facebook estão no Brasil. Esses números surpreendem? Nem um pouco. Afinal, somos um povo sociável por natureza, gostamos de compartilhar nossas vidas, de criar novos vínculos, de fazer a rede girar.

Mas as redes sociais, que começaram como um ponto de encontro da galera, ou um site para compartilhar fotos, piadas ou frases de motivação amadureceram e instituições e profissionais passaram a usar esses ambientes como facilitadores de interações interpessoais, com conteúdos técnicos visando à aprendizagem. Nesse contexto, nasceu em 2009 a Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária (RITDA), uma relevante entrega de um projeto da Universidade Federal de Viçosa com a missão de agregar massa crítica em torno do tema Defesa Agropecuária.

O idealizador da RITDA, Evaldo Vilela, vislumbrou nas redes sociais a possibilidade de aproximar pessoas que, normalmente, não se encontrariam nos corredores das instituições, ou mesmo nos congressos que frequentam. "A Defesa Agropecuária é um assunto multidisciplinar e que, portanto, agrega profissionais com formação diversificada e instituições tão distintas quanto órgãos regulatórios, academia e setor privado - ou seja, a hélice tripla da Inovação precisa estar bem azeitada para que um sistema de Defesa Agropecuária seja eficaz. E o nosso projeto lida justamente com isso".

A RITDA tem, atualmente, cerca de seis mil membros de todas as partes, que trocam informações, discutem temas polêmicos e comunicam ao mundo o que tem acontecido de relevante nas instituições, ou regiões onde atuam. No entanto, dados a criticidade do tema e o volume de informações aportadas, o desafio que se apresentou ao coordenador do Projeto foi o de garantir a autenticidade das informações postadas pelos membros. Como ter certeza de que um usuário qualquer da rede seja, realmente, ele mesmo? "E mais: como garantir que ele existe? Estamos num mundo de anônimos. Se não houver controle, qualquer pessoa pode cadastrar um perfil com um nome falso, usar uma fotografia falsa e se manifestar. Claro que os bons são maioria mas a impossibilidade de responsabilizar um usuário por conteúdos inadequados ou ofensivos dá margem para que pessoas de má índole se manifestem de maneira irresponsável ou inconsequente", explica o coordenador. Para exemplificar, uma pesquisa divulgada pela Revista Veja em 5/5/2012 mostrou que, nos EUA, a percentagem de perfis falsos no Facebook passou de 10% em 2010 para alarmantes 25% em 2012.

Pensando nisso, a RITDA implantou um processo de certificação de seus membros, ou seja, ao se inscrever, o usuário apresenta uma comprovação de que ele é quem ele afirma ser. Uma vez aprovado o perfil, o novo usuário é apresentado na RITDA como um membro certificado. Ou seja: fortalecem-se as relações de confiança entre os membros da rede e a fidedignidade das informações publicadas.

A RITDA é a primeira rede social brasileira a adotar a certificação de usuários como medida de proteção a seus membros. Segundo Vilela, "isso é crucial, pois estamos tratando de um assunto que é estratégico para o agronegócio e, por que não dizer, para a economia do Brasil. Suponha, por exemplo, que alguém dissemine na RITDA a informação de que uma doença ou uma praga entrou no Brasil - isso pode ter impactos como embargos a nossos produtos. Cumpre-se, assim, o disposto na nossa Constituição Federal: expressar-se livremente, sim, mas com responsabilidade e com possibilidade de responsabilização".

Expediente - O Projeto Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária - InovaDefesa - iniciou em 2008, por demanda do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovação. Vem promovendo uma série de ações para o fortalecimento do sistema brasileiro de Defesa Agropecuária através da indução de cursos, da agregação e massa crítica, da indução de visão estratégica e da facilitação de parcerias para inovação tecnológica.

Mais informações sobre a Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária disponíveis em www.inovadefesa.ning.com.

(Texto de Evaldo Ferreira Vilela, da Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária e Universidade Federal de Viçosa, e de Regina Sugayama - Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária)
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=82606

Leptospirose Bovina


Autor : Dr. Joseir Monteiro (Coordenador Técnico e Comercial - Laboratório Microsules do Brasil Ltda.)

A leptospirose é uma doença infecciosa de distribuição cosmopolita, causada por bactérias do gênero Leptospira, que acomete entre os animais domésticos tais como: bovinos, suínos eqüinos, muares, gatos e cães, podendo ocorrer também em vários animais selvagens.
Sua relevância se deve a seu potencial zoonótico, podendo levar a doença humana, onde as principais características é febre, icterícia, alterações hepática e renal, além de cefaléia, alterações gastrointestinais e a febre hemorrágica, podendo levar a óbito em pouco tempo.
Podemos dizer que nos bovinos tem grande interesse econômico, pois são eles os grandes reservatório e disseminadores da doença, principalmente quando se instala em forma crônica, geralmente esta é assintomática sendo então um portador em potencial e que poderá eliminar a bactéria por longo período, contaminando as pastagens e os estábulos.É causada por espiroquetas: Ordem Spirochaetales; Família Spirochaetaceae; Gênero Leptospira.
O gênero contém 7 diferentes espécies, com mais de 200 sorovariantes em todo o mundo, sendo que no Brasil, as mais importantes em bovinos são: pomona, wolfii, sejroe, hardjo e bratislava. e interogans.   
EPIDEMIOLOGIA 
A leptospirose bovina é endêmica no Brasil, podendo nos bovinos, ocasionar alterações congênitas, abortos, distúrbios reprodutivos (retenção de placenta e natimortos), com infecções subclínicas capazes de prejudicar a eficiência reprodutiva do animal, levando-o à infertilidade.
São acometidos bovinos de ambos os sexos, porém com perdas mais significativas em fêmeas, levando a perdas zootécnicas principalmente na produção de leite, devido a problemas com mastites.

TRANSMISSÃO

A via de transmissão mais importante é pela urina. A via venérea constitui vetor pelo trato genital de vacas durante um período de oito dias após o abortamento e encontra-se, também, no trato genital de touros. A via transplacentária (não é comum, porém a infecção neonatal é provavelmente contraída no útero) e mamária ou até o hábito de limpeza da genitália, escroto, tetas ou outras partes entre os animais, pode constituir-se vias de transmissão.A transmissão ao homem é carreada pela urina ou órgãos e infectam o humano pelo contato direto com a pele, mucosa oral e conjuntival com água contaminada e outras fontes, sendo risco para fazendeiros, trabalhadores rurais, pessoal de lida no frigorífico e veterinário.PATOGENIA
Após a penetração da pele ou mucosa, os microorganismos fazem bacteremia, sendo carreados ao fígado, multiplicando-se e fazendo nova bacteremia. Podem se reproduzir no sangue, levando a um quadro de septicemia, com hemólise e hemoglobinúria (este quadro é mais comum em bezerros). Se o animal sobreviver a esta fase, poderá evoluir para a fase renal.

A lesão capilar é comum a todas as sorovariantes e, durante a fase septicêmica, hemorragias petequiais são comuns. A lesão vascular também ocorre no rim, levando a um quadro de nefrose hemoglobinúrica. Diferentemente de outros animais e do homem, o quadro de insuficiência renal no bovino é muito mais raro de acontecer e o abortamento é uma seqüela comum após a invasão inicial sistêmica, com ou sem degeneração placentária.
Podem ocorrer várias semanas após a invasão sistêmica, com mais freqüência na segunda metade da gestação, provavelmente devido à maior facilidade de invasão da placenta neste estágio.
O abortamento sem prévia doença clínica também é comum. Raramente as leptospiras estão presentes no feto abortado, e o período de incubação na leptospirose, usualmente, vai de quatro a dez dias.

SINTOMAS  
A forma aguda é relacionada à fase inicial da doença, que coincide com a bacteremia, e geralmente é de difícil visualização, sendo descritos, entretanto, sinais de febre alta (40,5 a 41,5o C), hemoglobinúria, icterícia, anorexia, aborto em animais prenhes e queda na produção do leite devido a uma mastite atípica, com o úbere podendo apresentar-se edematoso e flácido à palpação e o leite amarelado ou tingindo de sangue. Porém estes sintomas são comuns em várias outras enfermidades. A anemia leva à taquicardia e dispnéia. Nesta fase, a taxa de mortalidade é alta, principalmente em bezerros, ou quando sobrevivem, a convalescência é prolongada.
Na forma subaguda, são também descritas diminuição na produção do leite, a febre é moderada entre 39 a 40,5 °C, levando a uma leve icterícia e diminuição da ruminação. Na forma crônica, as alterações estão restritas à esfera reprodutiva, culminando em sinais como abortos que ocorrem com maior freqüência do quinto ao sexto mês de gestação, retenção de placenta, culminando em deficiências reprodutivas e natimortos. As formas agudas e subagudas são mais observadas em animais jovens e em vacas em lactação.
Nos bezerros além do quadro agudo, alguns apresentam rigidez dos membros posteriores. Ao baixar a temperatura os animais afetados voltam ao normal, porém retardam o crescimento em relação aos que não sofreram a doença. O prognóstico em animais de produção é bom, pois a doença é normalmente benigna, exceto pelos casos que ocorram em neonatos e abortos, havendo um grande prejuízo funcional e econômico.

DIAGNÓSTICO 

O diagnóstico da leptospirose depende de um bom exame clínico, boa anamnese, histórico de vacinação e avaliação laboratorial empregando-se testes voltados para o diagnóstico da leptospirose.
 Em bovinos os abortos podem até ser atribuídos à outra doença ou até serem confundidos com abortos de origem não infecciosa, e neste caso é muito importante o diagnóstico diferencial com outras doenças reprodutivas que apresentam os mesmos sintomas.No exame histopatológico, a observação do agente exigi a fixação do tecido imediatamente no pós morte, e coloração pelo método de impregnação pela prata, contudo os resultados são muito mais satisfatórios em condições experimentais. A cultura para isolamento do agente e a inoculação em cobaias ainda são as técnicas mais eficientes e seguras de diagnóstico.
Os métodos indiretos de diagnóstico baseiam-se na demonstração de anticorpos por provas de soro aglutinação, fixação de complemento, imunofluorescência indireta e ELISA. As leptospiras induzem a produção de anticorpos, principalmente do tipo IgM. As imunoglobulinas IgA e IgG aumentam mais discretamente com a evolução da doença.

CONTROLE

O controle deve ser feito através do diagnóstico, com tratamento e isolamento dos animais doentes. Os animais devem ser retirados de áreas alagadas. Mantê-los distantes dos depósitos de alimentos.Em casos de abortos, o feto e restos placentários, devem ser enterrados evitando contaminação. Enquanto nos surtos, tratar preventivamente os animais sadios, evitando colocá-los em pastos alagados, nem mesmo agrupá-los.

A Pasteurella Multocida Tipo A Atuaria Como Agente Primário nos Processos Pneumônicos dos Suínos?


Autor : Jalusa Deon Kich; Nelson Morés; Nelise Juliane Triques; Mariana Gomes Nogueira; Catiuscia Locatelli; Cátia Silene Klein; Rinaldo Perez Felício

Introdução
A Pasteurella multocida tipo A (PmA) é citada na literatura como agente secundário, principalmente ao Mycoplasma hyopneumoniae (Mhy) na pneumonia enzoótica. As dificuldades na reprodução experimental da doença e na identificação de fatores de virulência levaram a esta conclusão. Porém, tem sido observado problemas pneumônicos em alguns rebanhos brasileiros com quadro patológico semelhante a pleuropneumia suína (PPS) e doença de Glässer com isolamento exclusivo de PmA na pesquisa bacteriológica. Para esclarecer melhor estas observações, foi realizado a reprodução experimental de casos clínicos por meio da inoculaçãol de dois suínos livres de patógenos respiratórios (Specific Pathogen Free - SPF) e um suíno de sistema de criação convencional com amostras de PmA.

Condução do estudo e resultados
As amostras de PmA utilizadas neste estudo foram isoladas de animais necropsiados em granja de ciclo completo com 200 matrizes, onde estava ocorrendo o problema respiratório em abril de 2007. A granja não tinha barreiras de biossegurança e manejava as instalações em sistema contínuo. A mortalidade na terminação era alta e precedida de intensa sintomatologia respiratória. Os animais ficavam pálidos e morriam em poucos dias, sem grande perda na condição corporal. Os sobreviventes, porém, tinham desenvolvimento reduzido e permaneciam mais tempo na granja para atingir o peso de abate. A granja possuia diagnóstico prévio da Síndrome Multissistêmica do Definhamento (SMD), associada ao circovirus suíno tipo 2 (PCV2). Foram realizados diversos exames desde janeiro de 2007, com isolamento bacteriológico de Streptococcus suis de cérebro de leitões com meningite e PmA de material de pulmão, e observadas lesões características da SMD. A PmA foi novamente isolada, em outra oportunidade, a partir de pulmão de suíno com acentuada pneumonia hemorrágica.
A granja foi visitada para avaliação clínica e do manejo praticado. No crescimento/terminação o principal sinal clínico observado foi tosse intensa, dispnéia e respiração abdominal (batedeira) e lotes desuniformes. Quatro suínos com sinais clínicos respiratórios foram necropsiados para avaliação patológica e colheita de material para exames bacteriológico, histopatológico e imunoistoquímica (IHQ). Na necropsia as observações foram pneumonia muco-purulenta comprometendo grandes áreas do pulmão (aproximadamente 60%) e pleurite difusa com aderência entre as pleuras parietal e visceral.
Desses animais foram isoladas quatro amostras com características morfológicas e bioquímicas de PmA, sendo uma de suabe de pleura e três de pulmão oriunda de suínos diferentes. No exame histopatológico foram observados severa exsudação muco-purulenta nos alvéolos, brônquios e brônquíolos, espessamento dos septos interlobulares por edema, infiltração inflamatória mista, hemorragia e início de fibrose, hiperplasia linfo-reticular peribronquial e perivascular. O diagnóstico morfológico foi de broncopneumonia purulenta subaguda. Na avaliação imunoistoquímica foi encontrada reação positiva para Mhy no pulmão e, com escassa quantidade de antígeno, para PCV2 nos linfonodos.

Reprodução experimental da doença
Para reprodução experimental da doença foram utilizadas três amostras de PmA isoladas dos suínos necropsiados. Dessas, produzidos três inóculos a partir de amostras cultivadas em agar DSA (Dextrose Starch Agar) e suspensos em salina estéril como segue:
  • PmA1 - pool de três amostras isoladas de lesões do pulmão (abril de 2007) contendo 2,6X107 UFC/mL;
  • PmA2 - amostra isolada de lesões da pleura (abril de 2007) contendo 2,1x108 UFC/mL;
  • PmA3 - amostra fornecida pelo Laboratório CEDISA, isolada anteriormente da mesma granja (março de 2007) a partir de lesão hemorrágica do pulmão contendo 9,6x108 UFC/mL.
Inoculação: foram inoculados dois suínos SPF de 94 dias de idade, sendo que o leitão 1 recebeu o inóculo PmA1 e o leitão 2 o inóculo PmA2. O terceiro leitão inoculado (leitão 3) era de um sistema de criação convencional com 96 dias de idade e recebeu o inóculo PmA3. Cada leitão foi inoculado por instilação nasal 3,0 mL (1,5 mL em cada narina) da suspensão correspondente.
Exames: foi realizado avaliação macroscópica e microscópica das lesões e pesquisa bacteriológica dos seguintes patógenos: Pasteurella multocida, Actinobacillus pleuropneumoniae (App) e Haemophilus parasuis (Hps).

Leitão 1 - inoculado com a PmA1
Sinais clínicos: o leitão apresentou polipnéia leve e febre, com temperatura retal de 41,0oC e 40,3oC, 24 e 48 horas após a inoculação, respectivamente. A necropsia foi realizada dois dias após a inoculação.
Necropsia: observaram-se linfonodos submandibulares e mediastínicos com leve aumento de volume, edema interlobular e hepatização vermelha em cerca de 70% do lobo cardíaco direito, o qual se apresentou aumentado de volume em relação ao restante do parênquima. Na área hepatizada, a pleura pulmonar estava hiperêmica, opaca, edematosa e com fina camada de fibrina na superfície (Fig.1). Havia leve aumento na quantidade de líquido pleural e pericárdico, o qual apresentavase turvo e avermelhado, com grumos de fibrina.
Fig.1. Grande área de hepatização pulmonar com edema interlobular e fina camada de fibrina sobre a pleura, no lobo cardíaco esquerdo.
Histopatologia: O pulmão apresentava severa exsudação de fibrina, polimorfonucleares e edema no interior dos alvéolos, no espaço interlobular, na região subpleural e sobre a pleura; áreas de necrose coagulativa do parênquima (Fig.2), com hemorragia, necrose fibrinóide e trombose de vasos sanguíneos e linfáticos (Fig.3); severa exsudação de neutrófilos na mucosa dos brônquios e bronquíolos, formando exsudato muco-purulento no interior dessas estruturas; presença de muco e neutrófilos no interior dos brônquios (Fig.4). A infiltração inflamatória era predominantemente de neutrófilos (Fig.5). Os linfonodos mediastínicos estavam hiperativos e com áreas de acentuada infiltração de neutrófilos.
O diagnóstico morfológico desse animal foi de broncopneumonia fibrino-necrótica purulenta com pleurite fibrinosa.
Fig. 2. Necrose coagulativa do parênquima pulmonar com edema e infiltração inflamatória (seta).

Fig. 3. Necrose hialina da parede de vaso sangüíneo (setas).

Fig. 4. Exsudação de neutrófilos pela mucosa bronquial e conteúdo muco-purulento no interior.

Fig.5. Exsudato intra-alveolar de fibrina e neutrófilos.

Bacteriologia: foi isolada uma amostra com características morfológicas e bioquímicas de PmA a partir de pulmão e não foram isoladas amostras suspeitas de App e Hps.

Leitão 2 - inoculado com a PmA2
Sinais clínicos: observaram-se febre, com temperatura retal de 40,5oC e 40,0oC, 24 horas e 5 dias após a inoculação, respectivamente, anorexia e emagrecimento progressivo durante cinco dias de observação pós-inoculação, quando foi realizada a necropsia.
Necropsia: observou-se presença de grande quantidade de líquido cítrico contendo fibrina em fase de organização nas cavidades pleurais, provocando aderência frouxa da pleura visceral com a parietal (Fig.6). No pericárdio havia espessa e difusa camada de fibrina amarelada provocando aderência frouxa entre epicárdio e pericárdio (Fig.7 e 8). Sobre o diafragma pulmonar e lobos cardíacos e apicais, também havia espessa camada de fibrina amarelada em fase de organização. Na região antero-ventral e em algumas áreas dos lobos diafragmáticos do pulmão havia hepatização vermelha. Havia um nódulo de necrose fibrinohemorrágico na face dorsal do lobo diafragmático com pleurite, semelhante a lesão de PPS (Fig.9).
Fig. 6. Hepatização nos lobos cardíaco e diafragmático (setas) e grande quantidade de liquido na cavidade pleural.

Fig. 7. Severa exsudação de fibrina no saco pericárdico

Fig. 8. Severa e difusa deposição de fibrina no epicárdio.

Fig. 9. Difusa deposição de fibrina sobre a pleura (setas), exsudado serofibrinoso na cavidade pleural e área irregular de pneumonia necrohemorrágica (círculo)-lesão App like.
Histopatologia: no pulmão as lesões eram semelhantes ao leitão 1, porém, com início de fibroplasia a partir da pleura, septos interlobulares e periferia de vasos sanguíneos e brônquios. Havia acentuada exsudação de fibrina e neutrófilos sobre a pleura (Fig.10). As áreas de necrose eram irregulares, melhor definidas, e com tentativa de encapsulamento por tecido fibroso, assemelhando-se àquelas da PPS (2), porém com infiltrado inflamatório predominantemente de neutrófilos (Fig.11). O coração apresentava severa deposição de fibrina no epicárdio, mesclada com células inflamatórias, edema e início de fibroplasia caracterizando pericardite fibrinosa difusa. O sistema linfóide estava hiperativo com infiltração de neutrófilos, especialmente na periferia, e haviam áreas de hemorragia nos seios subcapsulares.
O diagnóstico morfológico desse animal também foi de broncopneumonia fibrino-necrótica purulenta com pleurite fibrinosa. Comparativamente, em relação ao suíno 1, as lesões de exudação fibrinosa foram muito mais extensas e evoluindo para a cronicidade neste animal.
Fig. 10. Exsudação de fibrina e células inflamatórias sobre a pleura

Fig. 11. Exsudação intra-alveolar de neutrófilos e macrófagos alveolares.
Bacteriologia: isolamento de amostra com características morfológicas e bioquímicas de PmA a partir da superfície externa do pulmão numa área de aderência da pleura e não foram isoladas amostras suspeitas de App e Hps.

Leitão 3 – inoculado com a PmA3
Sinais clínicos: o leitão estava ofegante, mantendose em decúbito ventral sem se alimentar de 24 a 48hs pós-inoculação, quando foi necropsiado.
Necropsia: Na região antero-ventral do pulmão e em algumas áreas dos lobos diafragmáticos havia hepatização vermelha e aderência entre lobos; sobre a pleura havia fibrina amarelada em fase de organização, assemelhando-se a material purulento provocando aderência frouxa das pleuras visceral e parietal (Fig.12). No pericárdio e no peritônio (Fig.13) também havia presença de fibrina. Desse animal não foi realizado exame histopatológico, porém o diagnóstico de necrópsia foi lesões agudas de broncopneumonia purulenta com poliserosite, envolvendo inclusive o peritôneo.
Fig. 12. Áreas de hepatização disseminadas no pulmão e deposição de fibrina sobre a pleura.

Fig. 13. Filetes de fibrina sobre as visceras abdominais.
Bacteriológico: foi isolada amostra com características morfológicas e bioquímicas de PmA a partir de suabe de pleura, peritônio e líquido do pericárdio e não foram isoladas amostras suspeitas de App e Hps.

Discussão
As lesões encontradas nos suínos inoculados caracterizaram um quadro morfológico de pleuropneumonia purulenta necro-hemorrágica e fibrinosa, no suíno 1, e subaguda no 2, com isolamento em cultivo puro de PmA a partir das lesões pulmonares e de serosas. O suíno 3 apresentou lesões macroscópicas de broncopneumonia purulenta com lesões de poliserosite semelhantes a Doença de Glässer, porém com isolamento em cultivo puro de PmA e negativo para Hps. A pesquisa bacteriológica foi realizada a partir da fibrina depositada nas cavidades torácica, abdominal (Fig.12 e 13) e líquido do pericárdio. As lesões macroscópicas observadas no animal 2 foram semelhantes àquelas encontradas na PPS por Actinobacillus pleuropneumonia (2), exceto o tipo de exsudato/infiltrado inflamatório que nesse caso foi predominantemente de neutrófilos, o que tem sido citado nos casos de pasteurelose subaguda (3). Embora a carga bacteriana de PmA utilizada nas inoculações tenha sido bastante elevada, ficou evidente que as cepas foram capazes de induzir quadros clínicos e lesões severas de doenças respiratórias em apenas 24 horas. A PmA tem sido relatada como um agente que interage diretamente com muitos agentes respiratórios, especialmente o Mhy (3), mas nesse caso em inoculações de suínos livres de patógenos respiratórios (suínos 1385 e 1378), as amostras utilizadas comportaram-se como agentes primário no desenvolvimento do quadro patológico. Existe um debate na literatura sobre o papel da PmA como agente secundário ou primário, baseado em insucessos com a reprodução experimental da doença e variabilidade nos estudos de fatores de virulência (3). Isto pode ser atribuído ao isolamento de amostras não patogênicas presentes no sistema respiratório de suínos sadios. Os resultados aqui observados indicam que existem amostras de PmA que por si só são capazes de induzir a doença e que são boas candidatas a futuros estudos de fatores de virulência.

Comentários e recomendações
Alerta-se que no diagnóstico de problemas respiratórios agudos em suínos em fase de crescimento-terminação amostras de PmA podem ser consideradas como agente primário das lesões.
As lesões macroscópicas provocadas por amostras de PmA, podem ser confundidas com àquelas causadas por amostras de App ou Hps. Por esta razão, tais lesões devem ser submetidas a exames laboratoriais para confirmação do diagnóstico incluindo a pesquisa de PmA como possível agente primário.

Referências bibliográfica
HOLT, J.; KRIEG, N. R.; SNEATH, P. H. A.; STALEY, J. T.; WILLIAMS, S. T. Bergey´s manual of determinative bacteriology, 9. Ed. Baltimore: Wllians & Wilkins, 1994, 787 p.
MORES, N., SOUZA, J. C. A., NOGUEIRA, R. H. G. Estudo experimental da pleuropneumonia suína causada por Haemophilus pleuropneumoniae (Hpp). 1. Patogenicidade e evolução das lesões anátomopatológicas. Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária e Zootecnia, v.36, p.679 - 693, 1984.
PIJOAN, C. Pneumonic pasteurellosis. In: STRAW, B. E.; ZIMMERMAN, J. J.; D´ALLAIRE, S.; TAYLOR, D. J. Diseases of swine. 9.ed. Ames: Blackwell Publishing, 2006. p.719-726.

domingo, 27 de maio de 2012

Resíduos Agropecuários: passada onda da biodigestão no Brasil, tecnologia resiste na suinocultura


divulgação
Foto: divulgação
A granja São Roque, em Videira (SC), repassa energia direto para rede elétrica

Uma das tecnologias mais populares para reduzir custos e diminuir os impactos da produção no meio ambiente, o biodigestor encontra terreno cativo na suinocultura. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, Estados líderes na criação de suínos do país, a bandeira do uso dos aparelhos é amplamente difundida como alternativa sustentável na agropecuária.
A demanda pela tecnologia fundamenta-se nas possibilidades de aplicação do principal produto gerado pelo biodigestor: o biogás, com alto poder energético, que pode suprir necessidades básicas, como aquecimento e iluminação. Espécie de câmara fechada, o biodigestor estimula a decomposição de dejetos da criação animal em condições anaeróbicas (sem a presença de oxigênio). Durante o processo, é liberado o biogás. Os efluentes líquidos resultantes do procedimento, chamados de digestato, também podem ser utilizados como fertilizantes.
De acordo com o pesquisador Airton Kunz, os aparelhos utilizados hoje, no Brasil, são herança da onda da biodigestão da década de 1990. Para o especialista, na época, acreditou-se que a tecnologia viabilizaria o avanço ambiental do país, a partir da redução da emissão de carbono – o que não ocorreu.
– Por limitação do processo, os biodigestores não corresponderam às expectativas de volume de redução do impacto ambiental. A instabilidade do mercado de carbono também contribuiu – explica.
Granjas de médio e grande porte que apostaram no sistema, mesmo depois de passada a onda da década de 1990, aprovam os resultados.
– Uma vez tratado (os efluentes), você pode viabilizar outras atividades dentro da granja – defende o gerente de engenharia da Master Agropecuária, Cleonei Gregolin.
Com 18 anos de atuação no setor, a Master, empresa de Videira (SC), gerencia 11 unidades de produção de suínos, com total de 35,2 mil matrizes e 230 parceiros integrados. Em 2004, com apoio da multinacional Bunge, investiu R$ 3,5 milhões na construção de biodigestores para todas as plantas. A sociedade terminou, mas a Master decidiu investir no projeto.
A maior aposta do grupo catarinense ocorreu no ano passado, quando a Master adquiriu a granja São Roque, também localizada no município de Videira. Além de utilizar a energia gerada a partir do biogás proveniente do processo de biodigestão, a unidade fechou parceria com as Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) para comercialização de energia elétrica. O excedente energético da granja é inserido diretamente na rede elétrica.
Segundo Cleonei Gregolin, o sistema da São Roque, até o momento, proporciona redução de 20% de redução com os custos de energia. Mas a meta é melhorar o desempenho até 2013, quando o investimento na unidade, de R$ 600 mil, será pago.
– Sustentabilidade é pré-requisito. Estou há 20 anos no mercado e já vi muitas flutuações. Tem de se estar preparado. O ganho contribui para a permanência da atividade – afirma.
Especialistas, no entanto, alertam para a real necessidade de implementação da ferramenta. O pesquisador da Embrapa Aves e Suínos, Airton Kunz, afirma, no entanto, que há certos equívocos ao se avaliar o custo/benefício.
– Sob o ponto de vista do carbono, ele reduz o impacto ambiental. Mas no uso de biofertilizantes, ele não repõe nutrientes importantes como nitrogênio e fósforo – explica.
Histórico
No Brasil, os modelos mais conhecidos de biodigestores são o indiano e o canadense. Enquanto o primeiro foi desenvolvido para suprir a falta de combustíveis fósseis na Índia, o segundo, fabricado com PVC, destaca-se por ser mais moderno e barato. Produtores brasileiros utilizam mais a opção do Canadá, também conhecida como “lagoa coberta”.
Os primeiros aparelhos chegaram ao Brasil na década de 1970, época em que a crise energética forçou , de primeiro e de terceiro mundo, a buscarem alternativas renováveis. No entanto, sem assistência técnica e consultoria ao usuário, a tecnologia caiu em desuso no país até meados da década de 1980.
Com o crescimento do mercado de crédito de carbono nos anos de 1990, o interesse pela biodigestão reacendeu. A agropecuária brasileira tornou-se foco de atenção das empresas de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), que passaram a buscar produtores parceiros para a instalação de sistemas de biodigestores. A estratégia era financiar biodigestores para reduzir a emissão de gases na atmosfera, gerando saldo ambiental positivo.
De acordo com boletim divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado na produção agropecuária brasileira de 2009, a suinocultura gera, por ano, 20,4 milhões de toneladas de dejetos. O potencial energético, caso todo o montante fosse aproveitado, seria de 122 MW.

>>> Esta é a terceira matéria da série especial Resíduos Agropecuários: Sustentabilidade e Renda, que é publicada todos os sábados no RuralBR até meados de junho. As reportagens mostrarão como o reaproveitamento movimenta a economia brasileira e que iniciativas estão sendo realizadas por agricultores e pecuaristas do país.

sábado, 26 de maio de 2012

Ministério da Agricultura aumenta controle em produtos de origem animal


A lista de substâncias com os limites máximos de resíduos permitidos e o número de amostras que serão analisadas pelo Subprograma de Monitoramento em Carnes (bovina, aves, suína e equina), Leite, Pescado, Mel, Ovos e Avestruz, no exercício de 2012, foi divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ontem, 25 de maio.


O Subprograma, que faz parte do Plano Nacional de Controle de Resíduos Biológicos em Produtos de Origem Animal (PNCRB), é atualizado anualmente pela Coordenação de Resíduos e Contaminantes (CRC). O objetivo da medida -- descrita na Instrução Normativa nº 11 -- é aprimorar o controle realizado para verificar e atestar a qualidade e a segurança dos produtos consumidos no Brasil e exportados para outros países.

"Estamos dando ciência à sociedade brasileira sobre o que o Ministério está fazendo no controle de resíduos e mostrando a transparência que adotamos para os nossos parceiros internacionais. Posteriormente, a relação será enviada à Organização Mundial do Comércio (OMC)", explica o coordenador do CRC, Leandro Feijó.

Segundo ele, foram incluídas substâncias novas e alguns limites máximos permitidos foram revistos. Em 2012, pelo menos 213 tipos de resíduos serão examinados, enquanto no ano passado foram cerca de 180, refletindo um aumento de mais de 18% no número de produtos monitorados.

Por meio do PNCRB, o Ministério fiscaliza a quantidade de contaminantes e de resíduos de produtos veterinários presentes após serem utilizados pelos produtores rurais em seus sistemas de produção animal -- como antimicrobianos e vermífugos. Também identifica se as recomendações de uso aprovadas e disponíveis na bula do medicamento estão sendo obedecidas.

A norma determina, ainda, que a amostragem seja aleatória, com sorteio dos estabelecimentos onde serão colhidas as amostras. As análises serão realizadas nos laboratórios oficiais e credenciados pertencentes à Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários (RNLA) do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa).

FONTE

Assessoria de Comunicação Social do MAPA
Marcos Giesteira - Jornalista
Telefone: (61) 3218-2184

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Entidades pedem a ministro da Agricultura nova estratégia para o agronegócio


Emílio Pedroso
Foto: Emílio Pedroso
Mendes Ribeiro Filho recebeu documento de representantes do agronegócio nesta quinta

As principais entidades do agronegócio brasileiro elaboraram um documento em que pedem ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), que coordene "uma nova estratégia para o agronegócio brasileiro". O documento com as propostas foi entregue na manhã desta quinta, dia 24, ao chefe da pasta pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, em audiência da qual participaram também o ex-secretário paulista de Agricultura João Sampaio e o presidente da Organização das Cooperativas (OCP), Márcio Lopes.
Roberto Rodrigues explicou que, embora a pasta da Agricultura tenha desenhado uma política agrícola consistente, como é o caso das câmaras setoriais, onde a iniciativa privada está representada, a implementação das ações é complicada, porque os instrumentos estão dispersos em vários órgãos governo.
Ele citou como exemplo a questão dos registros de defensivos agrícolas, que dependem dos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente. Outras questões são as negociações comerciais e a logística. Ele defendeu que o Ministério da Agricultura participe do processo de definição sobre quais são as hidrovias, ferrovias e portos mais importantes para o agronegócio.
A proposta encaminhada no documento é que haja uma integração dos diversos órgãos do governo para ao setor agropecuário, sob coordenação da presidente Dilma Rousseff.  Rodrigues lembrou que a última estratégia para o agronegócio foi elaborada nos anos 1970, pelo então ministro Alysson Paolinelli, durante o governo do general Ernesto Geisel.
Agência Es

Mudança de status do Brasil sobre doença da vaca louca anima indústria e produtores


Adriana Franciosi
Foto: Adriana Franciosi
Produtores aguardam retorno do novo status em médio e longo prazo

Exportadores de carne bovina esperam se beneficiar em curto prazo com o novo status sanitário do Brasil em relação ao mal da vaca louca. Para os pecuaristas, representantes do setor acreditam que o retorno com a melhora da classificação brasileira deve demorar mais. O país passou de risco controlado para risco insignificante, em decisão anunciada pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) nesta quarta, dia 23. De maneira geral, a medida é considerada positiva para os negócios e para a imagem do Brasil.
A notícia já era esperada pela indústria, segundo o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio. Ele diz que a decisão serviu para que a entidade mantivesse as projeções de crescimento das vendas para o Exterior neste ano. A decisão, segundo o dirigente, deve viabilizar negócios com mais agilidade.
Na avaliação do presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, Tirso Meirelles, o retorno para os pecuaristas, por sua vez, deve levar mais tempo para ser percebido.
– Nós não temos animais prontos. Tivemos problemas por causa de seca, tivemos a matança de fêmeas, conseguimos manter o rebanho vendendo algumas matrizes importantes, porque precisávamos fazer dinheiro. Então, até equilibrar a cadeia produtiva, tem um tempo. E vai levar em torno de quatro a seis meses para a gente ter um retorno – diz.
Meirelles, no entanto, afirma que a mudança é um importante reconhecimento do controle sanitário no Brasil. Acrescenta que, no entanto, significa que o país tem a responsabilidade de manter a qualidade do rebanho. Trabalho que ele considera que deve ser realizado em conjunto pelo governo e produtores.
– O governo precisa fazer a parte dele com as blindagens, que precisa em nível veterinário, como também nós temos que nos conscientizar cada vez mais para a importância de o pecuarista sempre estar vacinando o rebanho e cumprindo as regras internacionais – aponta.
CANAL RURAL